Realidades Paralelas

Brasília, dia 23 de fevereiro. Encontrei Joana a caminho de um restaurante no final da Asa Aul. Ela andava entre os carros de cabeça erguida e um olhar que atravessava o tempo. Atravessava as pessoas, as quadras, a fome. Por isso que reencontrá-la dentro do restaurante foi qualquer coisa parecida com uma coincidência. Eu estava lá para almoçar, ela, para barganhar um copo de suco. Do alto de sua elegância, o mau cheiro da vida das ruas quase surpreende. Joana leva nas mãos o que diz ser os originais de um manuscrito sobre o crime organizado no país. Quem se aproxima dela é logo entrevistado. Pediu uma caneta, que a dela já havia se perdido: "Meu caro, a que Comando você pertence?"