O circo não chegou

Brasília, dia 12 de março. Malabares, monociclos e chamas circulam pelos principais semáforos da cidade. Diziam que os palhaços tomariam as ruas, que os circos chegariam. Mas palhaços não riem. E a cidade ficou iluminada e triste.

Beatriz

Brasília, dia 9 de março. Beatriz sonhou que atravessou a rua na frente daquele carro. Mas ela não conseguia enxergar quem estava dentro. E ficava angustiada. No sonho ela parava no meio da faixa de pedestre e encarava o parabrisa, a visão ofuscada pelos faróis. Mas no dia seguinte, quando ela voltava pra casa e, assustada, percebeu o fato se repetir, não teve coragem de olhar o carro. Sentia que a olhavam.

Litoral

Brasília, dia 8 de março. Toda vez que o mar vem é isso. Crescem coqueiros em segundos. Paira o sol poente sem se pôr. Brasiliários correm na mesma direção. Até que pára a brisa, some a maresia. Volta o cerrado.

Fugir da cidade

Brasília, dia 6 de março. Os prédios implodem. Desta vez sem aviso.  A cidade será varrida de novo. Brasiliária foge da transformação em pressa disfarçada.