Pedras e Fogo
Brasília, dia 5 de dezembro. Gabo chegou da Costa Rica na noite anterior. Mas não é a primeira vez que vem ao Brasil. Casou com uma menina de Olinda e trabalha nos sinais das capitais pra sustentar a filha. Conhece o fogo. Só acende as chamas quando o sol se põe. Dos carros as pessoas buzinam pra dar dinheiro. Um menino de rua veio pedir no mesmo sinal. Agora as pessoas fecham os vidros. As chamas se apagam. O menino quer dinheiro. Precisa do brilho do crack. O vendedor se esconde no estacionamento ao lado.
Escondidos

Estampado
O Encarregado

Crepúsculo

Brasília, dia 20 de novembro. Noite e dia não vão se misturar no céu de Brasília. Sol e chuva, como água e óleo, disputarão o espaço na mistura heterogênea do horizonte. E não haverá escuridão absoluta. E raios e trovões vão balançar a cidade mas não lançarão todos os temporais. O meio tom estranho entre a não-escuridão e a não-claridade cegará mais uma vez os Brasiliários em todas as ruas, em todos os carros.
Rio Monumental

Depois daquela Aula
E a Nave Pousou

Brasília, dia 14 de novembro. Na terra plana e molhada, outrora ocupada por seres de antigas civilizações, o que diria Clarice, ao ver surgir de repente a nave branca e gigante do Museu Nacional de Niemeyer? A porta que se abre e os líderes que começam a desembarcar. Brasília é um aeroporto. E todos estão de passagem.
A Biblioteca
Brasiliários

No Horizonte

Tudo parece longe

Brasília, dia 10 de novembro. Além do vento há outra coisa que sopra. Algo na crispação sobrenatural do lago. Aqui o ser orgânico não se deteriora, petrifica-se. A natureza floresce gélida. Este grande silêncio visual. Clarice Lispector escreveu: "Se tirassem meu retrato em pé em Brasília, quando revelassem a fotografia só sairia a paisagem." Há uma hora incógnita em que o maná desce e umedece as terras de Brasília.
Os Passeadores

O Atravessador
As Ruas
O Templo
O Observador
Encontro Marcado
Sombras e Medos

Brasília, dia 31 de outubro. Catedral Militar Rainha da Paz. A outra catedral da capital. A referência de entrada para o sudoeste. Passe pela frente todos os dias. Quando o sinal estiver fechado, você será obrigado a ficar parado, observando. Será sempre noite. A luz virá do chão. Os carros apertados na frente vivem dizendo que tem muita gente lá dentro. Mas você não verá ninguém.
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